O museu foi reinaugurado, mas ninguém imagina como é feito o manuseio, a zeladoria e condicionamento dos objetos que não são expostos. É uma tarefa nada fácil para os funcionários do museu. Mas para o engenheiro civil, Paulo Teruaki Takeda de 77 anos de idade une arte e prazer em seu trabalho. Ele é o artesão responsável em confeccionar as “caixas especiais” para condicionar as relíquias do acervo, os objetos que não são expostos e ficam no arquivo do Museu Histórico da Imigração Japonesa no Brasil, localizado no bairro da Liberdade em São Paulo.
As caixas são verdadeiras obras de arte, não são comuns, são especiais, são produzidas com reaproveitamento de papelão que vem do Japão, por ser de melhor qualidade e mais resistente a umidade, a agulha foi criada pelo engenheiro, o furador senmaidôshi (uma espécie de agulha de tapeçaria) veio do Japão. Ele usa barbante de algodão, fitilho de nylon para costurar artesanalmente e moldar o papelão às peças de vários formatos do acervo. As alças das caixas são feitas de cano de chuveirinho, tudo muito bem produzido com precisão e acabamento perfeito.
“Como os objetos eram guardados de qualquer maneira no arquivo, e não tinham no mercado brasileiro caixas de todos os tamanhos e larguras. Então, decidi confeccionar eu mesmo as caixas para melhor armazená-los”, comenta. Segundo Takeda as caixas são moldadas, recortadas e costuradas de acordo com o objeto a ser arquivado. O exemplo disso são os Ôyoroi (armaduras de samurai), como o protetor de cabeça que tem duas hastes (espécie de chifre), arco e flecha, louças, entre outros objetos.
“O nosso museu é importante instrumento de preservação da memória cultural de nossos antepassados, e responsável por seu patrimônio material ou imaterial. Preservar cada objeto em seu formato original, sempre foi um grande desafio. As caixas exercem um significado extremamente relevante para preservação e o transporte dos objetos”, destaca Takeda.
“Para muita gente o museu é um local de objetos antigos, mas vai muito além. O museu tem o papel de informar e educar por meio de exposições permanentes, multimídias, vídeos. É o espaço ideal para despertar a curiosidade, estimular a reflexão, promover a socialização e os princípios da cidadania, e colaborar para a sustentabilidade das transformações culturais”, conclui o artesão.
Casado, tem um casal de filhos, cidadão de Guaraçaí (SP), Paulo Teruaki Takeda acumulou muitas profissões uma delas como agricultor na cultura do café em Monteiro Lobato, interior paulista. Ainda no Brasil trabalhou na General Electric nos projetos e desenhos para rádio e televisão. No Japão trabalhou por 20 anos em empresas como Suehiro, Sanrise e Belltech. Ainda no Japão fazia assistência documentária dos dekassegues, até se aposentar. Voltou para o Brasil, trabalhou como tradutor. Atualmente é monitor bilíngue (japonês/português) do Museu Histórico da Imigração Japonesa no Brasil.
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