Colunas Krônicas

SENTÔ – Banho Público

19/07/1996

Quase que completamente arrasada na época da II Grande Guerra, Nagoya foi reconstruída baseada nas modernas teorias de urbanização. Por isso, hoje, é considerada uma das mais belas cidades do Japão.
Mas cultura e costumes de um povo, ainda mais de história milenar e estrutura insular como aquele país, não se renova com igual facilidade.
Talvez por isso, não somente essa cidade, como o próprio país se torna interessante aos olhos do ocidental, tanto no aspecto físico como no humano.
É por isso que também gosto da cidade.
Além disso, uma querida tia (he… he…!) facilita-me a pousada sempre que vou para lá, como certa vez necessitei me valer da hospitalidade dela.
No final de um dia exaustivo, de passeio-tour pela cidade, eu e minha esposa voltamos para casa dela ávidos para tomarmos um banho. Mas como não percebemos nenhum movimento da tia no sentido de nos preparar o ofurô (banho de imersão), perguntamos a ela sobre algum sentô (banho público) nas proximidades.
Informados de sua localização, mais do que depressa fomos para lá!
Uma senhora no caixa, logo na entrada, separava os halls masculino e feminino.
Estranhei que nesse próprio hall, à vista daquela senhora, eu deveria me despir deixando minhas roupas em apropriados nichos de madeira.
Felizmente ela estava só naquele momento e, na certa, já tão acostumada, nem olhava para mim.
Mas… é como se olhasse!!
Então, num rápido movimento antes de baixar o zíper da calça, dei as costas para ela!
“Se é para ver, que veja então a minha parte do corpo que é igual em ambos os sexos”, pensei. E me despi rapidinho!
Enfiei tudo, de qualquer jeito, naquele nicho e entrei correndo para a sala de banho.
Na saída, com a toalha a me cobrir foi mais fácil de enfrentar a “fera”.
Foi quando me lembrei de que, então, daria também para ver as mulheres se despirem.
Troquei-me rápido e fui para perto da senhora do caixa, fingindo esperar minha esposa.
Pra minha frustração, um biombo vedava minha visão do hall feminino…

(Pois é. Esta Nipônica foi escrita há 25 anos, mas os sentôs continuam e continuarão existindo
no Japão… por tradição! É…  Com a ocidentalização cada vez mais marcante e tempo cada
vez mais escass0, os chuveiros começaram a tomar o lugar dos furôs nas residências.
Mas como os japoneses sempre gostaram de furôs, continuam buscando os sentôs!!… rs)

Silvio Sano

- ARQUITETO, pela Univ. Mackenzie (1974), tendo como auge o projeto executivo da arquibancada superior do Estádio Santa Cruz (Recife), em 1981/82; ESCRITOR (sete livros, um dos quais: Corinthians, 100 Anos - Gols Ilustrados); COLUNISTA e CHARGISTA, desde 1996; JORNALISTA, com MTb desde 2012; e, COMPOSITOR (haicais e versões em português de músicas estrangeiras);
- conhece o Japão por quatro óticas diferentes (bolsista, 1975; lua-de-mel, 1980; Univ. Nagoya, 1985/87; e. decasségui, 1989/92);
- um dos administradores dos sites Nikkeyweb e Portal Oriente-se.
- Palestrante (tema atual: Konflitos Nikkeis, mesmo após mais de um século);
- tem páginas no Facebook, Twitter, Instagram e canal no Youtube
- email: silvio.sano@yahoo.com

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