Para quem aprecia e quer aprender alguns pratos básicos caseiros da rica e saudável culinária japonesa, essa é uma boa oportunidade para colocar em prática suas habilidades durante o Festival da Cultura Japonesa de Salvador – Bon-Odori com os chefs Rodrigo Avila, Marlene Fukushima, Mary Sugimoto, André Mathias (sushiman) nos dias 26, 27 e 28 de agosto, que no Parque de Exposições de Salvador, na Bahia. Em sua 14ª edição, com o tema especial “GANBARIMASHOU – Vamos em Frente, Juntos”, os chefes irão apresentar cada um em sua particularidade, uma culinária bastante equilibrada, muito saudável e com baixo teor de gordura, afinal, a maioria dos alimentos são preparados de forma refogada, salteada ou cozida ao vapor. Os quatro chefes vão mostrar porque a UNESCO – Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura concedeu a gastronomia do país do Sol Nascente à honraria de Patrimônio Cultural Imaterial da Humanidade.
A pesquisadora em gastronomia japonesa e chef Marlene Fukushima destaca a importância do aprendizado desde os sete anos de idade como quando ajudava sua mãe na cozinha. “Mais do que a arte de cozinhar é a memória afetiva que traz à tona a vontade de ensinar o que aprendi com minha mãe”, diz. “Minha mãe foi a maior influenciadora para a comida japonesa. A comida da minha mãe era deliciosa, mas eu sempre reclamava do ponto do cozimento, formato e tamanho do corte, temperatura, apresentação do prato, sabor e todos os detalhes, ela era exigente até nas escolhas dos peixes, verduras e carnes. Com isso, todos em casa aprendemos a aprimorar cada vez mais nos preparos e apresentação dos pratos”, confessa Marlene.
De acordo com a chef, sua expectativa em apresentar a sua culinária japonesa, suas tradições ancestrais para o público soteropolitano será uma honra e orgulho. “Pretendo desmistificar que a comida japonesa é complicada. Em seguida como usar os ingredientes, temperos, usar especiarias, legumes, verduras de época e do local. Dou dicas e truques para compor os pratos coloridos, atraentes, e mostrar que, na verdade são simples, práticos, rápidos e saudáveis”, finaliza.
Para a chef Mary Sugimoto, sua memória afetiva dos pratos vem da influência e convivência com os cozinheiros japoneses do pequeno restaurante de seus avós maternos tinham no bairro da Liberdade, em São Paulo. A influência mais recente foi seu falecido irmão, que era professor de culinária japonesa. “Meu processo criativo para a produção dos pratos não sei precisar, mas não existe um ‘como’. Pode até ocorrer de um erro, tentando consertar. Nessas horas me lembro de um mestre, o primeiro, sr. Kondo que dizia que devemos checar o “gomi”. Go=5 e mi=sabor. Quando penso que falta algo em um prato, procuro conferir os 5 sabores ( salgado, doce, ácido, amargo, ardido) que não precisam estar explícitos. Podem estar “escondidos” em algum lugar. Daí o termo “kakushi aji” (Kakushi=esconder, escondido e aji=sabor) muito frequente na execução dos pratos”, explica Mary.
“A minha expectativa é mostrar a minha identidade no prato, sem deixar o tradicional de lado. Espero poder compartilhar com o público conhecedor da boa gastronomia o sabor da culinária japonesa, que embora tenha incorporado alguns itens como por exemplo a maionese no preparo de alguns pratos, conserva com firme convicção os seus sabores originais, tradicionais e deles não abro mão”, garante a chef Sugimoto.
“Meu sonho é cozinhar, pensando na expressão de alegria, satisfação, conforto de quem irá degustar. Eu sonho em levar um pedacinho do Japão para quem quiser conhecer, recordar, reviver, ou simplesmente ‘sentir’ um pedacinho dele. Como a comida japonesa é uma culinária bem diferente da baiana, mas estou certa de que, quem conhece comida gostosa como o baiano conhece, estará preparado para uma “aventura japonesa”. E pra constar, escolhi um prato picante pensando no gosto baiano pela pimenta”, promete surpreender o público a gastrônoma Mary Sugimoto.
Na contra mão, o baiano André Matias Lima dos Santos, mais conhecido como shushiman chef Mathias Sopi começou a se interessar pela culinária japonesa como quando fez o curso de gastronomia no Senac, teve como influenciadores os professores Marcio Lago (Senac) e a coordenadora do Curso de Gastronomia da UFBA – Universidade Federal da Bahia, Andrea Torres. Mesmo não tendo laços afetivos com a culinária japonesa, o chef Mathias Sopi conseguiu vencer barreiras, aprimorou técnicas, desenvolveu habilidades de manusear com produtos e utensílios japoneses. “A emoção de produzir um prato japonês, vai muito além do servir. O respeito que o japonês tem pelo alimento, me leva a uma maior consciência de responsabilidade, sustentabilidade e respeito no que eu estou elaborando”, comenta o chef Mathias.
“O maior desafio como sushiman é encontrar produtos japoneses frescos de qualidade em Salvador. No processo criativo dos pratos, na produção da barcas de sushis, sashimis é importante fazer um corte perfeito no peixe, na carne, nos legumes, nas verduras e hotaliças, pois a harmonização entre os sabores do Brasil e do Japão existem variações e até adaptações para agradar a todos os paladares, e deixar um prato palatável! O fato é que a apresentação da barca de sushi e sashimi é um espetáculo à parte”, conclui Mathias Sopi.
A culinária japonesa tem o título de Patrimônio Intangível, se consolida ainda mais a necessidade de conservar os costumes e suas tradições.
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