Com simplicidade, astuta, filha de imigrantes japoneses, a Reverenda Miyoho Ishimoto, aos 86 anos representa a força feminina do budismo no Brasil. Há mais de sessenta anos ela participa anualmente do Culto Budista, fundado por seu marido o monge Emyo Ishimoto (In memoriam) e Bunzo Kassuga (In memoriam), o Tooro Nagashi é uma cerimônia em homenagem aos mortos (dia 2 de novembro), onde Miyoho purifica o Rio Ribeira em Registro, no interior paulista. Outra manifestação cultural religiosa com a participação da monja Miyoho é o Hana Matsuri – Festival da Flores por ser o aniversário de Buda onde acontece no início de abril uma procissão com o elefante branco com imagem de buda menino pelo bairro da Liberdade, no centro de São Paulo.

Foto: Luci Judice Yizima
Ela nasceu em São Paulo, no bairro da Liberdade, desde pequena já ouvia as cerimônias de purificação (Senkô – incenso) narradas por seu pai Shigueto Kohara e incentivada por sua mãe Masue Kohara. Estudou Budismo em Tóquio no Japão, voltou ao Brasil e casou-se com Emyo Ishimoto com quem teve dois filhos. Hoje ela ministra os cultos no Templo Nichirenchu Emyoji no Brasil fundado por seu marido.

Foto: Luci Judice Yizima

Em entrevista Miyoho sensei como é conhecida na comunidade japonesa destaca a importância da mulher na religião. “A mulher, assim como o homem é essencial em qualquer lugar na sociedade, na religião não é diferente”, afirma. “Eu nunca tive dificuldade dentro do Budismo, pois estava sempre no templo ao lado do me pai orando, meditando durante a queima do senkô (incenso japonês). Depois que casei com o monje Emyo fundou Templo Nichirenchu Emyoji no Brasil”, justifica a religiosa.

Entre as atividades do dia a dia de uma monja, além dos cultos ela administra o Templo Nichirenchu Emyoji no Brasil que fica localizado no bairro Jardim da Saúde, em São Paulo. “Não é fácil administrar um templo, são muitas tarefas: além dos cultos normais, tem o de falecimento (que é agendado conforme a demanda)”, comenta.
Durante um bate papo informal pelo whatsApp, devido à pandemia, perguntei qual era o maior desafio de uma monja? Ela confessou que se arrepende de não ter participado com mais frequência das atividades e educação dos filhos, que foi uma mãe muito ausente em consequência dos compromissos religiosos. “Eu tenho um casal, minha filha sentia muito a minha falta. Acredito que como mulher a maternidade é muito importante”, conclui.

Foto: Luci Judice Yizima
Embora os ensinamentos budistas não conterem nenhuma doutrina que limite essa função ao homem, na prática, em toda a história budista, foram pouquíssimas as mulheres que se destacaram ou ficaram conhecidas. Miyoho sensei é uma monja sem dúvida nenhuma uma mulher à frente do seu tempo, visionária e empreendedora, tem uma legião de seguidores que frequentam seu templo.

Foto: Luci Judice Yizima

Que linda essa publicação da monja