07/06/1996
Quando fui ao Japão pela primeira vez, aproveitei para conhecer a cultura japonesa com toda profundidade, sem nenhuma barreira pré-conceitual, nem mesmo com relação à alimentação.
Logo após minha apresentação aos funcionários da empresa onde iria estagiar, conheci meu alojamento e o refeitório.
Foi aí. Tendo tido alguma experiência anterior com estrangeiros, a cozinheira logo me consultou sobre o café da manhã. Aberto que estava, recusei qualquer tratamento diferenciado.
“Num país estranho, coisas estranhas não deverão ser estranhas para mim”, criei na hora este provérbio e o coloquei em minha mente.
Primeiro café da manhã: tigelinha de arroz, sopa de soja, um pacotinho de algas e… ovo cru!?… Argh!
– Mas… vamos lá! Primeiro ideal! – tentei persuadir a mim mesmo.
Logo depois das primeiras dicas da cozinheira, lá estava eu quebrando o ovo na tigela do arroz; em seguida o shoyu; depois, misturando tudo com o hashi; e, por último, envolvendo porções de arroz com folhas de alga para degluti-lo.
– Humn! Até que é bom! (sem sic) – logo após devorar minha primeira porção.
Depois disso, sashimi, tororô, natô, etc., entraram facilmente em meu cardápio.
Lembrei-me que no Brasil já tivera oportunidades para experimentá-los, mas sempre os recusara paenas pela impressão que nossa formação tem mania de travestir as coisas.
Passado certo tempo percebi que, naquele refeitório, apenas eu comia aquele ovo cru. Os japoneses levavam-no ao microondas e… “tchim!” Os danados!
Mas agora, orgulhoso de minha grande conquista, mantive-me fiel ao método tradicional!
Voltando ao Brasil, de cabeça renovada, resolvi experimentar todos aqueles pratos que antes sempre recusara devido apenas aos seus aspectos.
Hoje posso afirmar que, quiabos, berinjelas, etc., não fazem mais parte dos meus horrores culinários.
É óbvio que ainda existem pratos que não aprecio. Mas agora, ao menos, aprendi a experimentá-los primeiros.
Em todo caso, não me ofereçam jiló!
Gosto não discute, né…
(PS: Esta krônica foi inspirada num dos primeiros contatos “estranhos” que tive no Japão, em 1975… rs)
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