O japonês por onde passa chama atenção por sua estética, honestidade e educação, evoca uma série de considerações, nem sempre completamente compreensível à maioria dos ocidentais. Desta vez permitam deixar essa parte de lado para nos ater aos aspectos largamente exaltados (às vezes até estereotipados) da Simplicidade, da Delicadeza, da Sutileza dos detalhes e do processo produtivo aliado à técnica apurada. Trata-se de um “olhar brasileiro” que emerge no universo tradicional de valores japoneses que provoca encantamento em quem assiste, aprecia e, em muitos casos, atração irresistível para deleite de todos.
Estima-se que no Brasil tenha hoje uma população de 1,5 milhão de japoneses e descendentes. A maior parte concentra-se no Estado de São Paulo e ao norte do Paraná, mas eles estão distribuídos por todo o país. É o maior contingente populacional de origem japonesa fora do Japão. Aos 110 Anos de Imigração Japonesa no Brasil, os imigrantes conseguiram difundir e fomentar a cultura japonesa pelo país. A maioria de suas manifestações culturais está presente em nosso meio: Dança de Salão, o Ikebana, o Oshibana, o Origami, o Kirigami, o Karaokê, os Mangás, os Animês, nas artes marciais e pincipalmente na gastronomia. A cozinha japonesa conquistou o paladar dos brasileiros, que se tornaram aptos em manusear o hashi para saborear os sushis, sashimis, pratos de peixes, legumes, verduras e Gohan (arroz branco), etc. É com esse “olhar brasileiro” que escolhi mostrar o Japão em São Paulo.
O maior dos festivais, a maior manifestação e exibição da cultura japonesa fora do Japão, o Festival do Japão de São Paulo nasceu para ser um evento só no Ginásio do Ibirapuera na década de 1997, foi sucesso absoluto. De lá para cá, o festival cresceu, evoluiu, sofreu modificações passou pelo Anhembi e por questões de logística hoje, o Festival desfruta da mais moderna e dinâmica infraestrutura no São Paulo Expo Exhibition & Convention Center, onde atrai um público com mais de 170 mil pessoas para contemplar a rica e vasta cultura japonesa. A Praça de Alimentação com 53 entidades, dos quais 47 estandes representam as províncias japonesas que se preparam anualmente para apresentar o melhor da culinária japonesa diferente dos restaurantes. Como base o peixe. Todos os olhares contemplam a exposição da complexa simplicidade dos efêmeros arranjos florais do Ikebana, ou os seculares bonsais capazes de reproduzir a natureza num minúsculo vaso. Ou suspirar ao tentar descobrir os ‘mistérios’ da técnica humana e do poder do fogo para produzir diversos e coloridos objetos de cerâmica sem outro igual no mundo.
Assim, os festivais se multiplicaram pelos estados de Santa Catarina, Rio de Janeiro, Paraná, Mato Grosso, Minas Gerais, Rio de Janeiro, Porto alegre, Amazonas, Pará, Paraíba, Salvador e interior paulista muitas cidades como Campinas, Ribeirão Preto, Garça, Araraquara, Ribeirão Preto, Mirandópolis, Sorocaba, Piedade, Lins, Presidente Prudente, Bastos, Mogi das Cruzes, Suzano, São Bernardo do Campo, Pedro de Toledo, Marília, Registro, Santos, Ubatuba, entre outras promovem e fomentam a cultura japonesa cada um ao seu modo, na característica local. Diferentes fazeres praticados sob um mesmo olhar, que tem como base os diferentes elementos da estética japonesa. Essa ideia guia os aspectos dos eventos e tudo isso se reúne no Festival do Japão em São Paulo.
Com o “olhar brasileiro” apaixonado pela cultura nipônica, não se pode deixar de abordar o ”voluntariado”, a legião da boa vontade de pessoas que move o Japão no Brasil através dos Kenjinkais e Entidades nipônicas. É difícil pensar que se faça um grande espetáculo sem mão de obra especializada e remunerada, pasmem! É possível sim. Essa proeza é divida e compartilhada pelos nipo-brasileiros que se esforçam para reunir 15 mil voluntários para garantir e apresentar um grande espetáculo na zona Sul de São Paulo durante três dias de evento.
Para garantir a organização do maior evento japonês fora do Japão presidida pelo Toshio Ichikawa e sob a Coordenação de Voluntários do Festival do Japão de São Paulo, Roberto Sekiya destaca a importância da participação dos voluntários no evento. “A cultura de voluntariado nasceu e se desenvolveu nos Kenjinkais e Entidades Beneficentes japonesas através dos antepassados que se mantém até hoje”, afirma.
De acordo com Sekiya, esse festival será diferente e especial devido às homenagens aos 110 anos de Imigração, a visita da Sua Alteza Imperial Princesa Mako, e o Guiness Book. “Durante seis meses de treinamentos, fizemos diversas reuniões para falar de logística, dividir tarefas, falar do Omotenashi (hospitalidade e educação japonesa), abordar a cultura japonesa como um todo, com o propósito de trabalhar e servir, respeitando o trabalho em equipe e à diversidade”, destaca Sekiya.
“A importância de saber receber o visitante e principalmente o idoso, é primordial para nós”, confessa. “O nosso grande e maior desafio é manter os mesmos valores de motivação e espírito de equipe, com o grito de guerra ‘Festival do Japão é Nosso’ entre japoneses, descendentes e brasileiros, unificamos as equipes que se revesam em diversas áreas como Apoio, Sala Vip, Espaço Criança, Melhor Idade, Praça de Alimentação, Palco Principal, Palco Cultural, Recepção e Metrô. Manter o espírito de embaixadores da cultura japonesa, os ‘Vermelhinhos’ como somos chamados, não tem hierarquia, assim nós fortalecemos e desenvolvemos pessoas”, conclui o coordenador.
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