31/05/1996
Por esses dias topei com uma notícia sobre multas para infratores que forem flagrados jogando sujeira em lugares indevidos (lei 10.315/87 – R$ 798,80). O divulgador da notícia comentava a dificuldade que tinha para aplicá-las devido à falta de fiscais, além das falsas informações que o infrator sempre daria no momento do flagrante, como endereço errado, etc.
Concordei. Porque além da formação existe a questão do meio ambiente em que vive. De tão presente em nosso dia-a-dia, e abrangendo todas as camadas sociais, esse comportamento já está se tornando um ato espontâneo.
Tanto, que até o nosso prefeito Paulo Maluf, em recente visita a uma obra, foi flagrado jogando ao chão, de forma natural, o papel do sorvete que acabara de saborear.
Mais tarde, cobrado que foi, sua assessoria alegou que mesmo querendo pagar a multa tecnicamente o prefeito não mais poderia fazê-lo devido à falta do flagrante do fiscal.
Agora, quando afirmo que até o meio que nos cerca também influi é porque me recordo de ter presenciado inúmeras vezes, no Japão, brasileiros dekasseguis enfiando papéis inúteis nos bolsos, ou mantendo latinhas de refrigerantes vazias nas mãos, até encontrarem alguma lixeira onde pudessem desfazer-se dos mesmos.
Como o japonês não joga sujeira na rua o brasileiro também acaba ficando inibido, como se cada cidadão fiscalizasse mesmo um ao outro!
E mais, reforço a questão da influência do ambiente – agora em situação inversa – somado à vontade que todos têm de “cometer um pecadinho”.
Cito o exemplo de um amigo japonês que, certa vez, veio me visitar no Brasil. Levei-o a um passeio turístico pela cidade.
No momento que passávamos em plena Av. Paulista, após pegar o último cigarro de seu maço, amassou-o, abriu a janela e…
– Ei! Que vai fazer? – perguntei-lhe, tentando impedi-lo – Você é japonês! – reforcei.
– Eu sei! Mas estamos no Brasil… aqui pode!! – respondeu ele, jogando com satisfação aquele pequeno volume na rua… e, quem sabe, matando uma vontade de 35 anos, a idade dele!
(O título dessa Nipônica foi por sugestão do editor-chefe do São Paulo Shimbun, Ernesto Yoshida, que acabei adotando para a primeira antologia que publiquei incluindo as 32 primeiras)
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