22/11/1996
A partir da 4ª série do primeiro grau, no Japão, as crianças são “obrigadas” a praticarem alguma atividade extra-curricular, dentro da escola. São os chamados clubes ou… kurabu, com apoio de orientadores, na maior parte, formado pelos próprios professores, visto que os salários à profissão são compatíveis.
Assim, tem o clube do beisebol, basquete, vôlei, futebol, natação, atletismo, música, teatro, literatura, artes e até comunicação (rádio).
Devido ao espírito competitivo do japonês no que se refere a mercado de trabalho, a maioria dos pais procura induzir os filhos a praticarem, desde cedo, algo que lhe dê retorno no futuro. Por isso, até há muito pouco tempo, o clube do beisebol era o mais procurado.
Pela popularidade, pelos altos salários e benefícios que proporciona aos atletas profissionais, tal qual o futebol por aqui e pelo mundo.
A grande diferença é que, lá, a escola é o grande celeiro dos futuros craques profissionais. Tanto que o campeonato colegial nacional de beisebol dá mais “ibope” do que o profissional. O país inteiro acompanha.
As escolas investem nos alunos potenciais com bolsas de estudos e até “olho gordo” às frequências ou aproveitamentos dos mesmos nas aulas.
Ainda persistem essas vantagens, mas o futebol já abocanhou parte desse filão e ameaça, a olhos vistos, o reinado do beisebol. Isso, já tinha percebido quando meu filho jogava no time de futebol em sua escola.
A J-League ainda não existia.
Mas os comentários dos pais era de que o crescente interesse pelo futebol tinha a ver com o alto custo de vida japonês (o equipamento do beisebol é muito mais caro), somado à vontade do menino de querer participar efetivamente (no beisebol são nove jogadores contra onze do futebol), além da diferença da dinâmica entre os dois esportes.
Agora, com a clara evidência de equiparação salarial com os atletas do beisebol a J-League está mostrando que o futebol veio para ficar e, quem sabe, até atropelar o beisebol.
Se em 2002 o Campeonato do Mundo fosse apenas no Japão, então não teria mais dúvidas.
(Pois é. Já se passaram 25 anos desde que escrevi essa Nipônica e a popularidade do futebol no país aumentou,
realmente, de forma geométrica. Mas como o beisebol é tão antigo, “quase tradicional”, ainda não foi
desbancado pelo futebol, assim como nos EUA. Mas acredito que isso ainda deva ocorrer
pelas razões que expus nos antepenúltimo e penúltimo parágrafo. Né, não?!)
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