Quando pela primeira vez fui ao Japão, em 1975, como bolsista-estagiário, apesar de descendente direto (nissei), preparei-me para enfrentar fatos ou situações completamente diferentes, do tipo estranhas mesmo, até para mim.
Por isso criei, para uso próprio, um provérbio que me preparasse a esses momentos, caso me ocorressem naquele país. Era assim: “Em mundo estranho, coisas estranhas não deverão ser estranhas para mim”. Cá pra nós, foi minha salvação… rsrs.
Logo no primeiro “café de manhã”, no refeitório do alojamento, serviram-me, arroz quente, ovo cru, folhas de alga e missoshiru… a meu pedido! Sim, a meu pedido porque como pretendia mergulhar fundo na cultura e costumes japoneses não queria “forçadas ocidentais” por minha condição de estrangeiro.
Assim foram meus sete meses naquele estágio, depois, dois anos em Nagoya (universidade) e mais 3,5 anos como decasségui, repletos de coisas estranhas, mas todas bem assimiladas graças ao provérbio. Talvez por isso tenha me dado tão bem com os nativos de lá.
Mas dentre essas (“coisas”), lembro-me de que o uso de máscara, pelos nativos, mesmo a simples resfriados, causava-me estranheza e, não nego, zombava disso. Hoje dou graças por reconhecer o sentido de respeito a outrem que representava aquele ato.
Outra “coisa” que me causou estranheza, mas dessa vez agradabilíssima, foi ao receber carta da subprefeitura quando morava em Nagoya e nosso filho ainda teria mais seis meses de pré-primário. A carta informava que ele já estava matriculado em tal escola primária e para fazer exame médico (pago!), para que quando chegasse o início das aulas ele estivesse bem de saúde. Pode? Lá, pode?
A razão de todo esse rodeio é devido à bagunça municipal/estadual (nacional?) do como diligenciar o retorno às aulas das crianças somado ao final de semana de praias lotadas… sem contar que a muitos, as máscaras servem apenas para cobrir o queixo e não boca e nariz.
Dá para ficar otimista pela volta às aulas das crianças com essa “velha” postura nacional que parece não ter mudado nada, como se pandemia já tivera passado?
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