Participando efetivamente, desde o início da 57ª edição dessa tradicional Festa da Colheita da AACE Guatapará, o cônsul Yasushi Noguchi esteve presente na Missa Solene realizada no Cemitério da Colônia Mombuca, com outras autoridades, prosseguiu na Abertura Oficial, almoçou com as mesmas e, depois, cantou no palco uma de suas músicas preferidas, Sakura – Kobukuro, com muita qualidade. Não foi tobiiri (inscrição de última hora). Era a 12ª atração, já dentro da programação.
Guatapará, mais precisamente Fazenda Guatapará, foi a primeira a receber os imigrantes japoneses no Brasil que desembarcaram do Kasato Maru, em 1908, mas devido à malária que se alastrou na época, matando muitos deles, acabou se desfazendo praticamente como colônia, em 1921.
A nova história teve esse formato atual a partir do momento que 150 famílias de sete províncias japonesas, estimuladas pelo governo do país, a partir de 1962, reocuparam as terras subsidiadas nessa propriedade que antes havia sido grande produtora de café.
Festa da Colheita
A Festa da Colheita, originária da nova ocupação, como o próprio nome indica, nasceu para se comemorar a safra colhida e em agradecimento aos ensinamentos deixados pelos antepassados. “A gente agradece à natureza pelo alimento que dá vida ao homem, e também mostra para a sociedade a qualidade do que é colhido em nossa comunidade”, justifica Tsuneo Mogi, presidente da Associação Agro-Cultural e Esportiva de Guatapará.
Em virtude da popularidade aumentando e se estendendo além dos limites da comunidade local, para receber os visitantes, a festa foi tomando a forma atual, para venda de seus produtos, mas também com apresentações de danças típicas e cantos.
Mesmo ao formato atual, no início as atrações eram apenas deles próprios. Hoje, de tão popular, além da ampliação extraordinária do local, e todo coberto, a área interna é toda cimentada de modo a receber bem os visitantes mesmo em tempo de chuva, atrações de fora começaram a ser convidadas, bem como, para mostrar integração com a sociedade brasileira, atrações de origem não nipônicas.
A presença e participação efetiva do cônsul nesta edição tem a ver também com o simbolismo que Guatapará representa à história da imigração japonesa no Brasil, a ponto de fazer com que o ministro Junichiro Koizumi, quando sobrevoava de helicóptero a cidade, em 2004, que apenas iria jogar flores do alto para homenageá-la, resolveu descer o aparelho para fazê-lo pessoalmente, conforme ele próprio relembrou em seu discurso na Abertura Oficial.
Também por isso, no almoço, Choiti Saito, proprietário da maior granja local e presidente da Cooperativa, “pelo que a comunidade representa à imigração japonesa no Brasil e ainda mantém forte as tradições”, até ousou solicitar ao cônsul para que intermediasse a vinda de algum representante da família imperial japonesa em uma dessas ocasiões. O cônsul apenas sorriu, assentindo com a cabeça.
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