Engraçado, moro em Sampa desde 1961, há cinquenta e oito anos e, nesse interim, nunca passei apuros, com minha família, relacionados a enchentes como os desta semana. Não que fôssemos privilegiados. Ao contrário.
Viemos do interior, nos três primeiros anos moramos em casa alugada, não tínhamos TV e me recordo que assistia a alguns programas de televisão num vizinho (o tal televizinho, como falavam na época).
Só bem depois, ao adquirir próprio terreno para construir a minha é que entendi a razão: sabedoria nipônica do “véio”! Ele, que já era corretor de imóveis, escolheu-o, para mim, pela posição em relação à rua, assim como nossa primeira em São Paulo e, idem, para construir a dele, três anos depois. Segundo ele, não necessariamente no topo, mas jamais na parte mais baixa, devido a… enchentes!
Lógico que, nesses tantos anos de Capital convivi com essas cenas causadas pelas enchentes, de todos os anos. O problema é que, pela constância e descaso dos governos em relação a isso, se tornaram tão banais que, para quem mora longe delas, não passam de notícias terríveis, como as de guerras.
Nunca fui insensível a elas, lógico, e até fiz charges críticas a respeito, uma das quais no dia de aniversário da cidade com um bolo… boiando sobre as águas, levado por elas!
Mas nunca me tocaram tanto como agora, mesmo ainda ocorrendo longe de mim. Deve ser porque as imagens de agora me remeteram às cenas do tsunami no Japão que, por coincidência completou 8 anos no dia seguinte ao desse “nosso”, aqui.
Tudo isso, somado ao que as redes sociais, atualmente, nos trazem também a respeito. Por exemplo, do descaso também da população, da forma como jogam lixos nas calçadas e até mesmo, diretos, em córregos. Daí, como cobrar das autoridades?
No Japão foi uma tragédia imprevista da Natureza, e em pouco tempo já tinham dado conta do recado. Da postura da população em relação a lixo, cá pra nós, nem é preciso falar.
Aqui, não foi tragédia da Natureza, mas ocorrência e… prevista! Mas o que fazemos, governo e população?!!
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