Uma pesquisa recente revelou que quase 37 milhões de toneladas de lixo orgânico, basicamente, restos de alimentos, são descartadas no Brasil por ano, ou quase 50% de todo o lixo recolhido no país, o que significa que cada brasileiro joga fora, em média, mais de 40 quilos de comida por ano! Um absurdo! Ainda mais porque, desse total, 22% são de arroz, 20%, de carne, 16%, de feijão e 15% de frango!! Pode?
Para mim, que tinha percebido essa postura do desperdício de alimento do brasileiro desde há muito tempo, a ponto de já ter escrito Nipônica relativa, não me causou espanto, apenas consolidou minha revolta.
A primeira vez que isso me tocou foi há mais de quarenta anos, quando ainda era estagiário numa grande empresa. Como era o único que cumprimentava e conversava com a faxineira do departamento, simpatizando-se comigo, certo dia, convidou-me para um almoço com a família dela.
Como fazia tanta questão, mesmo sabendo que morava em uma favela perto dali, aceitei o convite. Fui muito bem recebido por eles. Na hora da refeição, sem talheres o suficiente, uma faca teve de rodar entre todos pela mesa. O que chocou o estagiário aqui foi ver a maioria encher o prato e deixar… quase a metade! “Custava ter colocado apenas o suficiente para comer”, pensei.
Dez anos depois, em outra empresa, já como arquiteto, devido a um setor dela trabalhar também com coleta de lixo, tive a oportunidade de projetar uma usina de compostagem de lixo. Em minha pesquisa, constatei que o lixo brasileiro era um dos mais ricos, organicamente, do mundo! Ou seja, ideal para o adubo orgânico!!
Anos depois, no Japão, frequentando a Universidade Nagoya a um curso de arquitetura, tendo a oportunidade de conhecer uma empresa de lixo, não hesitei, até para constatar o que vinha observando em relação ao lixo doméstico japonês, pela postura deles à comida. Não há desperdício (mottainai) algum!
O que vi lá, além de limpeza!… e quase sem cheiro!, foram apenas fossos profundos para seleção do lixo trazido pelos caminhões. Usina de compostagem advinda do… lixo?! Nem pensar!
Como é bom , como nissei, ter recebido conhecimentos como “Mottanai”: aprendemos a não desperdiçar!!