“Mais uma missão cumprida… Um sonho realizado“, assim se expressou o regente Robertinho Suguimura em relação ao seu Festival Robertinho de Músicas Inéditas, realizado no dia 5 de Junho de 2022, na Associação Três Coroas (Ponte Rasa), quando 61 cantores cantariam 66 músicas de um único compositor, dele, nesse único dia. Mas em virtude do momento, ainda de instabilidade, além de o número de cantores idosos ser grande, acabou havendo algumas ausências causadas por problemas relativos ao vírus e/ou não. “Tudo deu certinho na programação, desde o início até a hora programada para encerrarmos. Tudo impecável!”, enfatizou. “De quando em quando, os apresentadores desempenhavam também o papel inquisidor, o que foi ótimo para esclarecermos nosso processo de criação musical“, aprovou a postura dos mesmos.
Ainda assim, ao final, 54 cantores acabaram cantando 59 músicas nesse dia… “o que, sem exagero, justificaria um registro no Guiness Book!”, como afirmou Takahata Shoji, que foi chefe cerimonial do evento e tem grande experiência no meio musical, como músico ( desde 1979), cantor, apresentador, professor de canto e produtor de eventos. “Falo sério (sobre Guiness Book)! É meu verdadeiro sentimento”, reforçou com contundência a afirmação anterior. “Mas fiquei feliz porque tudo correu muito bem, havendo bom intercâmbio do público com o maestro Robertinho, banda e intérpretes, todos muito bem escolhidos”, concluiu satisfeito.
Abertura Oficial
À Abertura Oficial compuseram a mesa o próprio maestro Robertinho, o presidente da associação, Tadashi Watanabe; o presidente da União Central de Karaokê (UCK), Akira Ikawa; o amigo de longa data, também músico, Hideo Hirose; a Conselheira do Estúdio Robertinho, Amélia Anzai; e, finalmente a letrista de algumas da músicas, profª Setsuko Kawai, que não pode subir ao palco por seu estado físico no momento, mas acompanhou todo o evento na primeira fila, junto ao público. Todos discorreram sobre a relevância desse evento por seu ineditismo e elogiando a proeza do maestro por tê-los composto em tão pouco tempo. O maestro agradeceu a todos pela compreensão, colaboração e contribuição para que o evento fosse coroado de sucesso.
Ao final da Abertura foi solicitado ao público um minuto de silêncio em memória dos amigos relativos que se foram nesse período de dois anos, independentemente da forma.
O evento
Antes de iniciar o evento em si, o mestre de cerimônia, Takahata Shoji, apresentou, um a um, os membros da banda Blue Star e, a seguir, os apresentadores, Kazue Takahira, Tadashi Watanabe e Tsugiko Hongo que, com ele, revezariam para anunciar os cantores.
Assim, o evento teve início pela apresentação da música número 1 do programa, Umiwo Watatte Hyaku Shuunen, que o regente Robertinho havia composto ao Centenário da Imigração Japonesa no Brasil, em 2008. Nesse dia foi cantada por Tadashi Watanabe e Amélia Anzai, com coreografia do grupo de dança Okinawa Vésper.
Daí em diante teve início a apresentação em sequência dos cantores, cada um com música própria composta especialmente pelo maestro, começando por Harue Nakashita, com a música Tiguire Gumo. Depois, o mais idoso cantor do dia, Tadao Fugi, de 94 anos, e que acompanha o maestro desde seu início, e nessa condição, até por ser tio dele.
Assim os cantores foram se apresentando um a um, com curtas e esporádicas interrupções para homenagens, tanto da parte da comissão como de cantores, individualmente. Como no caso citado do mais idoso, ou do amigo Toshio Goto que, por ter perdido a esposa recentemente era tido como ausente. Mas convencido por Da. Amélia, também muito amiga dela, compareceu. Como gratidão deu-lhe um arranjo de flores antes de se apresentar.
Afora isso, o evento transcorreu na absoluta normalidade em relação ao cronograma, mas com muita emoção e alegria por parte de cantores e público, por seu ineditismo e, até por isso, conforme desejo do regente, com cada cantor recebendo o CD com gravação da respectiva música em karaokê e cantado pelos próprios. Por isso muitos cantores ficaram emocionados antes de suas vezes, o que fez com que alguns tivessem de recomeçar. Aliás, compreensivo pelo caráter inédito que acabou transferindo responsabilidade também aos intérpretes. Mas apenas isso. Por isso, todos que recomeçaram acabaram também se saindo bem na sequência.
Ou seja, o resultado pode ser considerado excelente, até porque não houve nenhuma música que dessagrasse ao público, razão de todos os cantores, sem exceção, terem sido muito aplaudidos. Mérito também da Banda Blue Star pelo excelente apoio que lhes deu para se consagrarem nessa data memorável. Sem contar o logístico pela recepção da Comissão.
Como tudo começou
A convivência do regente Robertinho com a música e como músico vem de criança, e de sangue, porque quando seus pais moravam no interior e trabalhavam com plantações de café, nos finais de semana, com os 9 filhos, ele incluso, de cima da carroceria de um caminhão, tocavam músicas japonesas para entreter os compatriotas. Por isso, já em 1964, ainda pré-adolescente, conseguiu tocar na banda da cidade. Ou seja, 58 anos de música plena.
Daí, para participar de bandas da comunidade foi fácil e rápido. Tornou-se maestro e a partir de 2003… “resolvi me arriscar a compor“, revelou Robertinho. “Mas na época, o procedimento era por partituras em papel preenchendo com caneta as notas musicais, não sendo, pois, muito atraente a fazê-las. Por isso até 2020, tinha apenas 10 composições“, completou. Foi quando veio o isolamento social que, assim como a todos, teve também de se recolher por muito tempo dentro de casa, algo ironicamente providencial porque para ocupar seu tempo resolveu voltar a compor. “Mas como o procedimento anterior era muito antiquado, resolvi aprender como fazê-las pelo computador. Fiz um curso específico e ao perceber a agilidade e rapidez desse processo, porque chegava a fazer duas composições por semana, comecei a formar em minha cabeça a ideia inicial do festival”, mais uma revelação. Portanto, pode-se afirmar que o período da pandemia, na verdade foi favorável ao regente porque a partir de julho de 2020 até a concretização da ideia no segundo semestre de 2021 foram 66 composições.
Assim, com a ideia do Festival já se tornando um objeto do desejo e se tornando cada vez mais consistente, a responsabilidade e o comprometimento com os cantores também aumentou. “Ele teve de se reinventar. Tomou aulas particulares para fazer no computador os arranjos, passou noites e noites em claro para desenvolver com muito carinho cada uma das músicas, de acordo com o estilo de cada intérprete”, confirmou Kátia Suguimura, uma de suas filhas que testemunhou a dedicação do pai desde o início. Ela também cantou no evento.
“Quando ele começou a compor, achei tudo muito bonito e logo percebi que o sonho dele era realizar esse festival”, lembrou Da. Amélia, companheira inseparável do maestro que a trata de ‘cara metade’. “Falei que o ajudaria com tudo que estivesse ao meu alcance. Até consegui obter duas músicas da Kawai sensei, Hotaru no Youni e Momiji, que veio ao evento mesmo estando ainda convalescendo e ficou do início ao fim. Sou imensamente grata a ela”, prosseguiu. “Ah! Quero deixar claro que só eu e Robertinho não conseguiríamos realizar esse Festival, que só ocorreu graças à colaboração de todos os amigos. Por isso conseguimos! Gratidão a Todos!”, conclui ela muito feliz.
Outra filha, Yumi Suguimura, agora radicada no Japão, de lá enviou mensagem ao pai, lida no palco pela irmã Kátia. Parabenizou-o pela realização do sonho… “Quanta dedicação! Noites sem dormir…”, lembrou. Lamentou não estar presente fisicamente, mas que estava em pensamento. “Quero agradecer a todos que contribuíram para que esse evento acontecesse, em especial à Amélia-san pelo companheirismo e por cuidar tão bem de você”, mostrou gratidão. Afirmando com ênfase que era o melhor pai e oditian do mundo, lembrando uma das lições de que não existe problema sem solução, finalizou: “Muito orgulho de você, meu pai compositor. Te amo muito!”
Coquetel de confraternização após o encerramento
“Ao final do evento, como fez nas edições de 2014 (Robertinho, 50 Anos de Música) e 2019 (Robertinho, 55 Anos de Música), a Amélia, Conselheira do Estúdio Robertinho, ofereceu um coquetel com bolo a todos os presentes”, revelou, Robertinho. Ou seja, encerrado o inédito evento, cantores, componentes da banda, membros da comissão e público, todos, foram convidados a se dirigirem ao salão lateral onde puderam se confraternizar. Foi impressionante a quantidade de amigos e convidados que permaneceram até esse momento.
O futuro
“Vou continuar a inventar ‘coisas’, estudar mais e praticar mais músicas, compor e tocar“, anunciou Robertinho em relação a como será daqui para frente. E propôs para que outros músicos compositores façam o mesmo.” Gostaria de dividir palco, com eles, nesse sentido, a um evento ainda mais inédito”, convidou-os. Para contatá-lo ligue para seu whatsapp (55 11 95497-8966)
Depoimentos de protagonistas e não
Na condição de presidente da Associação Três Coroas, Tadashi Watanabe iniciou agradecendo a todos pela presença e… “aos participantes, músicos, cantores e especialmente ao Robertinho que possibilitou que cantássemos todas essas músicas”, fez questão de frisar. “A apresentação geral foi muito acima da média porque acompanhei os primeiros ensaios e, realmente, no começo achei que estava muito complicado aos cantores”, lembrou. “Mas o pessoal se dedicou bastante, fruto dos ensaios e hoje veio a compensação. No geral, os cantores melhoraram 90%”, garantiu.
Para o presidente da União Central de Karaokê (UCK) e cantor por excelência, com participações premiadas tanto no Paulistão quanto no Brasileirão, Akira Ikawa… “O extraordinário foi ver que o Robertinho parece ter composto uma música para o tipo de personalidade de cada cantor que convidou”, afirmou. “E o auditório ficou lotado até o fim. Por isso, torço para que prossiga com sucesso em sua jornada!, finalizou.
Com a mesma sensação ficou Midori Michi, esposa do falecido Koji Michi, idealizador do inesquecível evento Niponjin no Kokoro no Uta. “Festival excelente! O Robertinho é muito inteligente. De se tirar o chapéu. Afinal, não foi apenas uma ou duas músicas que compôs, mas sessenta!”, afirmou admirada.
Até mesmo a tecladista Momoko Kiriya, mesmo acostumada com esses tipos de evento ficou emocionada por esse, também por seu ineditismo que reconhece. “Na época dos ensaios não tinha captado ainda a excepcionalidade desse evento, mas hoje, entrando no clima, fiquei emocionada a ponto de chorar algumas vezes, como no momento que a filha do Robertinho, Kátia, antes de cantar, agradeceu ao pai”, confessou com um sorriso sem jeito. “Além disso até a letrista, profª Kawai, esteve presente”, lembrou. “E cá pra nós, realmente, não é fácil dar formas diferente a tantas músicas. Impressionante!”, prosseguiu. “Alguns cantores no auditório, com certeza ficaram com vontade de cantar uma ou outra dessas músicas. Inclusive a sua, apesar de difícil. Não, Silvio?”, concluiu. Momoko é japonesa radicada no Brasil há 12 anos, casada com um nikkei brasileiro com quem tem um casal de filhos. É formada pela Universidade de Música de Tokyo e foi introduzida no meio musical da comunidade nipo-brasileira pelas mãos do professor Hideo Hirose e amigo Ryuichiro Kawarazaki e afirmou que desde a pré-adolescência gostava do Brasil, “plano consumado pelo casamento com um brasileiro”, deixou claro.
Yutaro Kimura, que cantou nesse evento e participou dos ensaios com a banda foi direto. “Um Festival maravilhoso! Fantástico, esse trabalho do Robertinho. O desempenho de todos foi muito bom, conforme era possível constatar na alegria estampada nos rostos de todos, cantores e público. Muito bom! Projeto arrojado”. Finalizou com reconhecimento ao trabalho do maestro. “Reunir 66 cantores, compor todas essas músicas. Nossa! A paciência dele foi muito grande e o resultado fantástico!”
Na mesma linha, outro cantor de músicas animadas, Orlando Suguimura, foi ainda mais direto. “Muito bom, este festival! Todos os cantores de alto nível… e excelentes músicas compostas pelo meu irmão. Até o meu tio , Tadao Fugi, de 94 anos cantou muito bem, elogiou o tio sentado ao lado, na mesa.
Já Silvio Sano, único cantor Pop do dia, foi mais na linha do apresentador Takahata, também favorável a um registro no Guiness… “porque desde que tomei conhecimento de tal realização, por ser um evento de apresentação de mais de 60 músicas inéditas de um único compositor, num único dia, até fiz uma pesquisa no Google e não achei nada, nem parecido. Por isso concordo com o Takatyán!”, usou tratamento carinhoso ao apresentador.
Para finalizar, mais um depoimento de quem não cantou, Eduardo Kanai, apesar de muito vinculado à música pelo karaokê (apenas nunca cantou com banda) e também por tecnologia, onde é muito conhecido por serviços voluntários prestado, e socorrido, a alguns taikai digitais e treinos digitais monitorados como o Kanteokê e a Utacon, semanalmente. “Eu e minha esposa ficamos contentes por termos conseguido chegar a tempo de assistir, desde o início, a este evento de músicas inéditas. As músicas do Robertinho são sensacionais a ponto de nos dar a impressão de que tinham sidos compostas por autores japoneses diferentes. Assim como os cantores, que se saíram muito bem, sinal de que treinaram com muita dedicação.
(Texto: Silvio Sano – fotos: próprio, Johnny (Mjapan), Shigu Ozono e Edna Fucuda)
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