Aos 90 anos, a Fazenda Tozan encanta o visitante com seus cafezais, com a produção de produtos orientais, e sua magnífica história. O empresário Toru Iwasaki tem muita história para contar, como quando seu o tio-avô, Hisaya Iwasaki, comprou as terras da viúva de Álvaro Xavier de Camargo Andrade, neto do fundador da fazenda, Floriano de Camargo Penteado. Hisaya era filho de Yataro Iwasaki, criador do grupo Mitsubishi. A fazenda foi batizada de Monte d’Este e, rapidamente, diversificou a produção. Além do café e da cana, passou a cultivar algodão, milho, arroz, feijão e árvores, além de criar gado. Em 15 de novembro de 1934 quando a família Iwasaki fundou no local, a Indústria Agrícola Tozan. Hoje, além de ter se transformado em ponto turístico, figura como o primeiro empreendimento japonês para produção de artigos manufaturados no Brasil. O local é referência histórica em Campinas, no interior paulista.
Atualmente a Fazenda Tozan pode ser visitada com agendamento prévio, possui um Museu com a história e equipamentos agrícola de cultivo do café, a Loja de souvenir, visita monitorada pelos variados tipos de cafés, a senzala, o Casarão sede e o belo Mirante no estilo japonês que tem uma visão privilegiada de toda a fazenda e ao longe a cidade de Campinas.
Confira a entrevista com o executivo, Toru Iwasaki fala com emoção da família que já tinha propriedades rurais em países como Coréia, China e Indonésia, e o Brasil foi o último lugar a ser escolhido por eles para montar um negócio. Porém sua relação com o Brasil vai muito além dos negócios, a paixão pela alegria do povo brasileiro.
Portal Oriente-se: Toru Iwasaki, o que representa esses 90 anos da Fazenda Tozan?
Toru Iwasaki: A Fazenda representa a história de minha família no Brasil, ao tentar oferecer algum tipo de contribuição nas áreas de agropecuária e de reflorestamento, e também proporcionar uma
combinação harmoniosa das duas culturas, brasileira e japonesa, para obter um resultado muito positivo e sinérgico, especialmente na área de culinária, como no caso de churrasco temperado com os ingredientes japoneses,tais como saquê, shoyu, mirin, misô, vinagre de arroz etc, bem como do “saquepirinha”.
Portal Oriente-se: O senhor foi colono da fazenda? O que mudou de lá para cá?
Toru Iwasaki: A Fazenda pertencia a minha família desde 1927 e, portanto, comecei a me envolver na Fazenda a partir do final de 1995, como o administrador da mesma. Mudou muita coisa, desde o uso de tecnologia japonesa e mão de obra brasileira.
Portal Oriente-se: O que foi e o que é produzido na Fazenda além do café?
Toru Iwasaki: Lavouras diversas fazem parte da história e do presente da Fazenda, alem do café. Entre elas, algodão, cana de açúcar, tomate, milho, soja, além de reflorestamento de eucalipto e pecuária (gado leiteiro e também gado confinado). Atualmente, alem do café, a Fazenda mantém lavouras de soja e milho.
Portal Oriente-se: Ela abrigou quantos colonos nikkeis?
Toru Iwasaki: A Fazenda teve muitos colaboradores descendentes de japoneses. Atualmente, a Fazenda ainda tem colaboradores descendentes de japoneses. A Fazenda também abrigou 60 jovens japoneses, que vieram ao Brasil para um período de estagio na agricultura, em três turmas, nos anos de 1958, 1959 e 1960. Previamente, viveram e trabalharam imigrantes italianos na fazenda.
Portal Oriente-se: Qual é a extensão da fazenda?
Toru Iwasaki: A área remanescente da Fazenda é de pouco mais de 700 hectares, sendo as principais glebas (80%) situadas ao longo e em ambos os lados da Rodovia Governador Adhemar Pereira de Barros, na altura do km 121,5, zona rural de Campinas. Existe também um gleba cerca de 4 km afastado da rodovia, no bairro de Carlos Gomes.
Portal Oriente-se: O que o Senhor acredita que leva o interesse dos turistas visitarem a Fazenda Tozan?
Toru Iwasaki: A Fazenda Tozan é uma referência no Brasil e no exterior, por sua história de contribuição à agricultura brasileira, especialmente desenvolvendo pesquisas em café, e também pelo cultivo pioneiro de eucalipto na região. Até hoje, a Fazenda cultiva café arábica de forma longeva, num polo industrialmente desenvolvido e de serviços como é atualmente a cidade Campinas.
Portal Oriente-se: Quantos funcionários a fazenda possui?
Toru Iwasaki: Atualmente, a Fazenda tem cerca de 60 colaboradores regulares no total. Desses, cerca de 40 colaboradores moram em casas dentro da própria Fazenda; e outros 15 a 18 trabalhadores agrícolas que moram no município vizinho de Santo Antonio da Posse. No período de três meses de colheita de café, contratamos cerca de 30 a 35 trabalhadores agrícolas da Bahia.
Portal Oriente-se: Qual a sua relação com o Brasil?
Toru Iwasaki: Em 1974, cheguei ao Brasil pela primeira vez, como bolsista da Mitsubishi Corporation (MC), para aprender a língua portuguesa. Fiquei por dois anos em Salvador na Bahia, para ter melhor conhecimento também em várias outras coisas do Brasil, especialmente sobre a vida cotidiana dos brasileiros, além do objetivo principal da vinda a este país, que foi o aprendizado do idioma português.
Depois, estive no Brasil durante cinco anos, na década de 80, como funcionário da MC e também por mais dois anos, na década de 1990. Em seguida, deixei a MC para assumir a direção da Fazenda e de outras duas empresas do Grupo Tozan, a partir do ano de 1996.
Portal Oriente-se: Sei que o Senhor é japonês de nascimento. Como japonês, o que o Senhor admira e gosta mais no Brasil?
Toru Iwasaki: O povo simpático e o jeitinho brasileiro de que mais gosto.
Portal Oriente-se: Para finalizar, hoje existem muitas invasões dos Movimentos dos Sem Terra. Como o Senhor vê esses movimentos e como o senhor se protege?
Toru Iwasaki: Mesmo sendo conhecida e reconhecida como empreendimento agrícola produtivo, infelizmente, a Fazenda já foi vitima de invasão pelo MST. Entendo que o MST é um movimento político que visa áreas próximas a cidades e com boa infra-estrutura, independentemente de serem produtivas ou não. Normalmente, o MST age de forma ilegal e acaba sendo beneficiado pela justiça leniente e morosa.
Olá
Por favor, poderia me dizer qual a data dessa matéria?
Agradeço, Vasti
2 de janeiro de 2018