27/09/1996
Como não podia deixar de ser, no Japão tive várias oportunidades para sair com amigos japoneses, nativos mesmo, para comemorar algo ou simplesmente para beber, pelo espírito universal do fortificar uma relação amiga… sem nenhum interesse… Humn! Humn!
Os mais variados motivos, com as mais variadas pessoas, nas mais variadas reuniões, mas numa única maneira padrão: ficar bêbado!! É…
Recordo-me de que, nessas ocasiões, meus amigos japoneses sempre estranhavam o fato de eu não me alterar como eles. Eu, na minha, alegava que talvez fosse por estar acostumado com a nossa pinga que, de longe, é bem mais forte do que o saquê.
Na verdade, mesmo no Brasil, sempre bebi e, ainda, só bebo… socialmente (sic… hic!)
No começo, também estranhava a facilidade e rapidez com que os colegas japoneses sempre se alteravam… e com tão pouco álcool. Mas como o saldo era sempre o mesmo, algumas vezes cheguei até a desconfiar de mim mesmo, pois bebia tanto quanto eles… ou até mais.
E eles também se admiravam.
Tanto que, às vezes, marcavam encontros apenas com o propósito de me embebedarem. Convidavam-me dizendo: “Hoje, Shirubio-san ficará bêbado!”
E lá íamos nós. E de lá voltavam eles… quase todos, bêbados. E eu… “inteiro!”
Pelo que observei, além de mim só não ficavam bêbados… os abstêmios do grupo.
Até que, finalmente, entendi. Descobri que, por mais requintada que fosse a comemoração, ou seja, mesmo mais cara… os nipônicos quase não comiam. Só bebiam.
Na hora de fecharmos as contas, apenas o meu prato e dos colegas antiálcool é que estavam vazios. Sabendo que isso ocorreria, sempre “beliscava” os pratos de meus vizinhos de mesa bebuns. Ou seja, minha resistência era devido a me alimentar bem graças a essa estratégia de me valer deles nessas ocasiões!
“Mas não vou contar para eles não”, decidi na época, pra não perder essa minha boquinha, né…
Até porque, por minha companhia, colaboro para que combatam o stress tão fortemente presente no dia-a-dia deles, devido ao espírito carreirista consequência da rigorosa formação socio cultural e do selvagem mercado de trabalho daquele país.
(Na verdade, nunca fui bebum, apesar de alguns não acreditarem… rs. É que quero dizer no verdadeiro
sentido da palavra. Como afirmei na época, ainda hoje até “bebo”, mas socialmente.
A razão de nunca ninguém ainda ter me visto bêbado é exatamente
pela razão que citei: “se for beber, coma… e bastante!”)
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