26/07/1996
Miyahira-kun era um jovem recém aprovado ao curso de mestrado na faculdade da Universidade Nagoya, onde eu também fazia um curso extracurricular, vindo do Brasil.
Ele recebeu uma mesa bem ao lado da minha e logo se instalou com suas “tralhas”. Alguns livros, pasta arquivo de folhas soltas, lapiseiras e, principalmente, caixinhas com disquetes.
Aliás, em nossa sala, dos oito estudantes, metade tinha a ver com computação, e Miyahira-kun era um deles.
Dedicado, às vezes, nem aparecia na sala, indo direto para onde estavam os computadores para desenvolver sua tese. Se alguém viesse procurá-lo, vendo a mesa vazia nem perguntava, dirigia-se logo à sala dos computadores.
É óbvio que, vendo quase todos os dias a mesa do lado da minha vazia, fiquei curioso.
Além dessa afinidade com o computador, fiquei sabendo também que, tendo um bom “berço”, o prêmio pela formatura, dado pelos pais, fora um passeio turístico,durante suas férias escolares, à França, de onde viera deslumbrado.
Mas enfim, também acabei me acostumando com a mesa dele vazia.
Certo dia, cheguei até a levar um susto quando, de repente, arrastou a cadeira para se levantar e sair da sala para ir ao “habitat” dele. Não tinha percebido que estava ao lado… rs.
Mas… até ele tem de se alimentar!
Pois é. Algumas vezes eu almoçava com os colegas da sala e, por isso, houve ocasiões que o fiz também na companhia do jovem Miyahira.
Num desses dias coincidiu de pedirmos mesmos pratos. Arroz e misturas e nas misturas, ervilhas.
Conversa vai, conversa vem, todos, exceto Miyahira-kun, tinham terminados as refeições. A razão: ele ainda teimava em enfileirar, com a faca, os grãos das ervilhas no costado do garfo para degluti-los!!
Cada vez que conseguia a proeza, ao elevar o talher à boca, os grãos caíam de volta ao prato.
“Na certa copiou dos franceses”, pensei com meus botões.
Ficamos, todos, assistindo àquele belo espetáculo durante mais de cinco minutos.
E… pior, todos sérios. Ninguém tirou uma “casquinha”.
Eu, héim!!… rs
(A questão “copiar”, ou melhor, plagiar já era pecha forte dada aos japoneses, na época (?), famosos no
mundo inteiro pela qualidade de acabamento de seus produtos, mas não pelas autorias.
E quando como turistas saíam para o exterior, o faziam com o mesmo espírito.
Esse exemplo acima é apenas mais um, de até cópia de hábitos… rs)
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