Essa é a frase que ‘Pikachu’ e outros personagens ouvem o dia inteiro por quem passeia pelo bairro mais oriental de São Paulo, a Liberdade. O visitante fica admirado com a arquitetura local, as luminárias que enfeitam as ruas do bairro – os suzurantos, a gastronomia diferenciada, as lojas com produtos orientais. Mas, o que mais chama atenção do visitante é a “Ponte da Amizade”, um palco a céu aberto com exibição de personagens de mangás e personagens hollywoodianos.
Surpreendentemente é o personagem PIKACHU, protagonizado pelo artista de rua, que nas horas vagas é professor de inglês, Renato Ferreira Sousa, de 49 anos de idade, paulista, que desperta a curiosidade dos adultos e principalmente das crianças. Para quem não sabe Pikachu (é um gambá dourado que vive na Austrália. Faz sucesso nos desenhos animados no mundo inteiro, com sua cor amarela vibrante) é uma criatura fictícia que pertence ao universo de Pokémon, e seu nome significa “som de um rato elétrico”, na tradução livre do japonês. Pika representa o som feito pelos choques elétricos, enquanto chu significa o barulho característico dos ratos, de acordo com a onomatopeia da língua japonesa.
Durante a entrevista em plena “Ponte da Amizade”, com um sol de rachar, com termômetros marcando 33° graus, Renato já fantasiado com o personagem, ou melhor, de Pikachu teve que parar a entrevista para tirar uma foto com o garotinho de Maceió, João Felipe Vital de 7 anos de idade, entusiasmado ao ver o seu personagem preferido do mangá, o ‘Pikachu’. “Adoro o personagem! É o meu preferido”, diz o turista infantil alagoano.
Diante das dificuldades que passou durante a pandemia como professor de inglês, ele não desistiu de ser Pikachu. Conta que já passou mal duas vezes, mas não larga o personagem. “Ser Pikachu é mais rentável do que ser professor, infelizmente é a nossa realidade”, lamenta a mudança de profissão. Conforme o artista trabalha sem concorrência na Ponte da Amizade, pois seu personagem é único.
De acordo com Renato, há dez anos trabalha como artista de rua, já fez diversos personagens japoneses como “Ultraseven”, “Ultraman”, mas há um ano atrás durante um momento crítico da pandemia decidiu investir no personagem do Pikachu, e deu certo! “Foi difícil me adaptar ao figurino inflável do personagem, não é fácil ser Pikachu”, admite. “A roupa tem um motor (moto-ventilador / insuflador), usa microfone, a fantasia é de tecido sintético e plastificado, o que o torna muito quente em contato com o sol, e requer um treinamento de atleta, preciso me preparar fisicamente, faço ginástica, muita hidratação e uma dieta balanceada”, confessa.
“Aqui cada personagem tem seu espaço e suas ações, e todos se respeitam e a convivência é pacífica. Aliás, parece que não, mas o nome ponte faz jus ao nome, ‘PONTE DA AMIZADE’. Não temos rotinas, quem gerencia meu tempo sou eu mesmo. Eu tenho a liberdade de trabalhar e tenho um ganho de R$ 4 mil a R$ 5 mil reais por mês. Mesmo na pandemia cheguei a tirar no final do ano de 9 mil à 10 mil reais entre novembro à janeiro. Tive uma contribuição generosa de R$ 500,00 de um comerciante que reconheceu meu trabalho, pois a presença dos personagens e principalmente do Pikachu aumentou o movimento nas lojas”, revela o artista.
Renato confidencia que seu maior desafio é manter uma boa estrutura emocional e física, pois não tem apoio do poder público, não é reconhecido. Para ele, o artista de rua é marginalizado, falta serviço de cultura social e a conscientização do público. “Coisa mais absurda que já ouvi, foi um adulto dizer que eu era um robô de alta tecnologia. Ou, tem que pagar para tirar foto? Também já fui assediado por mulheres e homossexuais que tem fetiche. O Pikachu encanta as crianças e adultos que se tornou um personagem que se cultua por supostamente possuir um valor mágico e divertido.
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