11/10/1996
Li outro dia, que foi realizada uma Feira do Emprego na cidade de Tóquio, no Tokyo Dome. Organizada todos os anos pelo Ministério do Trabalho, juntamente com a Prefeitura de Tóquio, 1.700 empresas ofereciam cerca de 21.900 vagas para pouco mais de 5.000 universitários e estudantes de escolas técnicas, recém-formados.
As companhias participantes eram de Tóquio, Saitama e Kanagawa, com serviços inclusive para setores automotivos e eletrônicos. E foram 9.700 vagas a mais do que no ano passado!
Não tive maiores detalhes da feira, mas também não fiquei admirado.
Explico. Quando estudava na Universidade de Nagoya (1986/87) pude constatar algo afim, igualmente espantoso. Pouco antes das férias de verão (agosto, naquele país), percebi uma grande movimentação de colegas formandos, da mesma sala que eu frequentava, no sentido de marcarem entrevistas para empregos em várias empresas do país, especialmente para as da capital, Tóquio.
Curioso, indaguei-os sobre essa prematura, para mim, preocupação. Afinal, ainda estávamos no meio do ano letivo.
A resposta foi que, dessa maneira, saberiam para onde ir logo que se formassem (… ?!).
O pior, é que era verdade! Mais ou menos, em fins de setembro para meados de outubro, com os resultados, a maioria deles já sabia para qual empresa iria trabalhar a partir de abril.
No Japão, o ano fiscal começa em abril. Aliás, tudo começa em abril, até o ano escolar.
E como para o metódico e prático espírito japonês, cálculos fiscais, impostos, leis trabalhistas, etc. tudo fica mais simplificado senão fracionado, melhor então admitir os novos funcionários na época correta. Ou seja, em abril!
Mas para isso é necessário fazer a seleção antes. E como as empresas também querem as melhores cabeças, as entrevistas são realizadas nas férias de verão, a mais longas dos estudantes.
Daí a definição bastante antecipada de seus empregos!
E dependendo da empresa, são tantos novos empregados que realizam até formalidades para recepcioná-los com a presença de todos os funcionários.
E então, dá para imaginar a sensação de se saber empregado meio antes de se formar?!
(Passados mais de 35 anos desde que soube desse fato e mesmo tendo ocorrido muitas transformações econômicas que
afetaram negativamente aquele país, ainda assim acho que as maiores empresas nipônicas ainda fazem
uso dessa metodologia tradicional para admitirem seus novos funcionários.
Sorte dos recém… bem formados… rs)
Saudades, amigo Silvio. Grande abraço…