06/09/1996
“E os basbaques ainda pensam que a força do Japão está nas máquinas fotográficas, nos espelhos que não embaçam, nos walkmen, nos automóveis, na Sony, na Panasonic e na Mitsubishi…”
Assim, Roberto Pompeu de Toledo termina seu |Ensaio “A respeito de crianças e trens“ (Veja – 7/6/96), onde ressalta sua certeza de que a força do Japão não estaria, na verdade, nesses produtos maravilhosos que conhecemos, mas por trás deles! Mais precisamente na eficiência do sistema do sistema educacional e na valorização dos transportes de massas fortemente investidos pelo governo japonês.
E é aqui que tento complementar essa ideia de Pompeu de Toledo.
Antes, porém, é preciso lembrar que, em virtude do pequeno território viável para ser ocupado de forma urbana, o Japão tem um dos preços imobiliários mais altos do mundo! Por isso, seus lotes urbanos são tão diminutos!
No entanto, ao aproximarmos de qualquer escola de 1º ou 2º graus, logo ficamos impressionados com a enorme área que ocupa, a ponto de todas, sem exceção, comportarem campos esportivos, quadras de salão coberta, piscinas, equipamentos de lazer e até um pequeno templo (mais para altar externo).
Na infraestrutura interna, usam e abusam da conhecida tecnologia. E o professor, depois de ministrada as aulas do dia, no período subsequente complementa suas obrigações de preparo das aulas, correções de provas a apoio ao aluno… dentro da própria escola!
O salário condizente e e o respeito à profissão possibilitam uma vida tranquilas a esses docentes.
É o crédito do governo à Educação!
Nessas condições, não daria nunca para entender as recentes prisões, em São Paulo, de uma professora por tráfico de drogas e de um professor e estudante de Direito, por assalto. Ambos, profissionais exemplares, conforme constataram as reportagens.
E por mais que tente, não consigo imaginar alguma intenção criminosa em quem busca o magistério como profissão, no Brasil.
Ambos, na verdade, são vítimas de um sistema injusto que ainda não consegue ver no professor o elemento básico formador de cidadãos que delineiam o perfil de uma nação.
(Essa conclusão de Roberto Pompeu de Toledo se baseou em uma visita que fez ao Japão acompanhando
uma comitiva de FHC àquele país, em 1996. Observador que é, reparou nesses detalhes muito
além do que a vista de um estrangeiro alcança. E como “bateu” com o que já pensava do
povo japonês, somado aos fatos de nosso cotidiano citados terem ocorridos,
resolvi intervir e, por ela, contatar o jornalista/colunista e ser
recebido pelo próprio, na Editora Abril, na época)
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