Nos últimos dias 30 de junho e 1º de julho, membros da diretoria atual da Federação dos Manejadores e Manejadoras de Pirarucu de Mamirauá (FEMAPAM), junto a representantes e coordenadores de acordos de pesca das Reserva de Desenvolvimento Sustentável Mamirauá e Amanã (RDSM) e (RDSA), participaram da 1ª oficina de Plano de Negócios participativo do projeto “Estruturação e fortalecimento de arranjos produtivos do pirarucu de manejo na Amazônia Central” – financiado pelo Programa Cadeias Produtivas da Bioeconomia do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações (MCTI).
A oficina foi ministrada pela consultora Fernanda Alvarenga, especialista em elaboração participativa de planos de negócios e diagnósticos de cadeias de valor de produtos da socio biodiversidade. Ao lado da consultora, também ministrou a oficina João Vitor Campos e Silva, doutor em Ecologia, atuante desde 2008 com sistemas socioecológicos na Amazônia, e que compõe a equipe de consultoria do projeto formada por Alvarenga.
O evento aconteceu na sede do Instituto Mamirauá, na cidade Tefé (AM), em formato presencial com os manejadores, respeitando todos os protocolos sanitários de segurança em relação à COVID-19. Entretanto, em razão da Pandemia, os consultores participaram em formato online. O Núcleo de Inovação e Tecnologias Sustentáveis (Nits), através da Tabatha Benitz, e a equipe do Programa de Manejo de Pesca (PMP) foram responsáveis por promover o encontro.
“A proposta é darmos início a uma etapa, que visa dar apoio à FEMAPAM, fortalecer ela enquanto organização, que tem também um viés a seguir na parte de comercialização; talvez não diretamente a frente, mas como um agente de articulação. De que forma fazer isso? Sentimos a necessidade de trazer pessoas com mais conhecimento para essa discussão, através da contratação de uma consultora, para nos direcionar e ouvir de todos vocês o que pensam em termos de expectativas. Não temos respostas prontas nesse momento, o que queremos é construir coletivamente esse caminho”, comentou a coordenadora do PMP Ana Cláudia Torres, na abertura da oficina.
Entre os objetivos do projeto de Estruturação e Fortalecimento do Pirarucu de Manejo, está estipulada a realização de um Plano de Negócios à FEMAPAM, que fornecerá subsídios para que a Federação possa executar o papel de gestora do selo da Indicação Geográfica (IG) – reconhecimento da denominação de origem do Pirarucu da região de Mamirauá, que está sendo analisado pelo Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI). Esse tipo de reconhecimento vincula, não somente os saberes tradicionais e cultura das pessoas envolvidas na produção do pirarucu, como também algum aspecto do território. A expectativa é que a IG seja conquistada ainda nesse ano e, ao todo, serão abrangidos com a indicação geográfica nove municípios do Amazonas: Alvarães, Fonte Boa, Japurá, Juruá, Jutaí, Maraã, Tefé, Tonantins e Uarini.
Tabatha Benitz explica que, futuramente, está em vista um planejamento estratégico para que a Federação possa executar diversas ações, entre elas articular e abrir novos mercados, representar os grupos de manejo politicamente em instâncias de discussão a nível estadual e negociar com empresários. Mas que, no primeiro momento, serão realizadas mais oficinas voltadas para elaboração do Plano de Negócios. “Esse foi o passo inicial de todo esse processo, que iremos fazer durante um ano, juntamente com o grupo. As oficinas serão feitas em sua maior parte de forma online, devido a pandemia, e com os manejadores vindo para Tefé para organizarmos essas reuniões e discussões mais estratégicas”, completou.
O projeto
O projeto “Estruturação e fortalecimento de arranjos produtivos do pirarucu de manejo na Amazônia Central” prevê contribuições para a cadeia produtiva do pirarucu, desde a produção de um flutuante de recepção e pré-beneficiamento do pescado, até na organização da FEMAPAM através do Plano de Negócios participativo, cuja finalidade é identificar desafios e oportunidades para agregar valor ao pirarucu, assim como identificar novos mercados para o pescado. O flutuante, que será contemplado com sistema de tratamento de água e efluentes e energia solar, promete ainda beneficiar mais de 400 pessoas ligadas ao manejo de pirarucu na Amazônia, além de capacitar 100 pescadores sobre boas práticas no manuseio do pescado.
O projeto fortalece a atuação do Instituto Mamirauá na região do Médio Rio Solimões, que possibilitou com os passar dos anos – a partir da implementação dos planos de manejo e engajamento das comunidades locais – o aumento dos estoques de pirarucu em 427%; viabilizando a retomada da pesca, de forma sustentável, e o aumento da renda e da qualidade de vida da população local.
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