Por Cinthia Saito, do Rio de Janeiro
Na última sexta-feira (24/8), o Instituto Cultural Brasil-Japão (ICBJ), com sede no Rio de Janeiro, recebeu o escritor e jornalista Silvio Sano para uma palestra relativa à imigração japonesa no Brasil e bem como sobre seu mais recente livro, “Kontos, Krônicas & Kanções”. O título da palestra foi “Konfrontos e konflitos nikkeis mesmo 110 anos depois”. Entre os assuntos, o autor discutiu, por exemplo, algumas das dificuldades culturais enfrentadas por nikkeis no cotidiano brasileiro, mesmo 110 anos depois da chegada dos primeiros imigrantes ao Brasil. O evento foi aberto a todo público e faz parte das celebrações dessa data, um marco na história.
Autor de sete obras, Sano levantou questões ainda comuns aos descendentes, como a timidez, a fala baixa, a não indignação explícita, etc., que não ajudam em certos casos em que é necessário se expor de alguma maneira. Mas lembrou que alguns desses itens podem ser combatidos por conta própria, sem a necessidade de especialistas. Como exemplo se citou, da época em que era estudante de arquitetura e frequentava cursos e palestras do Sindicato dos Arquitetos. “Como não me conformava com minha passividade, por não fazer perguntas, tímido que era, forcei-me a fazê-las. A obsessão era tamanha que na primeira oportunidade que tive e a fiz, fiquei tão feliz com minha ação que não ouvi a resposta do palestrante”, contou ele enquanto os participantes riam após ouvir esse fato. “Com o tempo fui vencendo esse aspecto que condenava em mim para, hoje, até dar palestras. Ah! Agora, até fantasiado canto, tentando imitar certos cantores“, revelou mais (enviou foto à reportagem).
Entre outros temas, Sano comentou também sobre sua formação de arquiteto, fomado pela Universidade Mackenzie, em 1974, e como decidiu dedicar-se à divulgação da cultura japonesa a partir de um período de rejeição à mesma, até como um dos exemplos desses conflitos ainda existentes em muitos nikkeis, mesmo 110 anos depois.
Os participantes, tanto nikkeis quanto não nikkeis, mostraram grande interesse na discussão. “A palestra foi muito importante pela forma como ele falou. De forma sutil, nos fez pensar sobre questões bem profundas, como a interação e integração social“, disse Bruno Silvestre, advogado, 36 anos.
Para o diretor artístico do ICBJ, David Leal, a vinda de Sano representou “um momento ímpar de reflexão, questionamentos e confraternização“. O encontro contou também com a participação da diretora cultural da Associação Nikkei do Rio de Janeiro, Teruko Monteiro.
A respeito disso, Sano também fez questão de se manifestar: “Conforme me informaram, foi a primeira vez que um membro da diretoria da Nikkei Rio compareceu a um evento aqui no ICBJ. Ou seja, a impressão é a de que também contribui para isso, o que me deixa felicíssimo. Ainda mais porque sou ferrenho defensor da agregação de forças quando o bem é comum. E na torcida para que isso se fortifique ainda mais, dentro de minhas possibilidades, mesmo de Sampa, contem comigo desde já!”, pôs-se à disposição.
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