Se você acha que dançar é remexer o esqueleto,está enganado. É muito mais que isso. É uma manifestação instintiva obedecendo a um determinado ritmo musical ou como forma de expressão subjetiva ou dramática. A coreógrafa e dançarina de butoh (Bu= Dança, Toh= Passo), Emilie Sugai fala com muita excelência da dança que surgiu no Japão pós-guerra, no movimento de vanguarda, criada por Tatsumi Hijikata e ganhou o mundo na década de 1970. O butoh foi introduzido no Brasil pelo japonês Takao Kusuno em 1977, pioneiro e responsável pelo fomento da dança no país.
Em um papo descontraído, a coreógrafa nikkei Emilie comenta como quando começou a carreira de dançarina e sua relação com o butoh. “Iniciei meus estudos em dança com o ballet clássico e jazz moderno integrando, mais tarde, o grupo experimental da Companhia Cisne Negro. Mas, aos 25 anos encontrei uma nova forma de movimentação a partir de estudos de dança oriental chinesa e tai-chi-chuan”, conta. “Em 1991 conheci Felicia Ogawa, esposa de Takao Kusuno e o bailarino-intérprete Denilton Gomes e iniciei um processo de aprendizados que resultaram em diversas pesquisas, espetáculos e descoberta e suas raízes”, destaca Sugai.
“Durante o período de 1991 e a 2001 estudei com Takao Kusuno aliando suas experiências desenvolvi uma linguagem pessoal”, afirma. Segundo Sugai, Takao foi um artista completo. Com ele apreendeu, ao longo de 10 anos de convivência e diversos trabalhos realizados sob sua direção, a maestria de seu olhar como criador, na construção do corpo junto ao dançarino, na maneira como concebia sua iluminação: a luz que perfura os espaços de escuridão para desvendar e revelar a imagem e sua ação dramática; sua concepção de trilha sonora, pesquisa detalhada dos sons do ambiente e fusão com músicas de compositores. Ele trouxe também a noção do espaço cênico em sua tridimensionalidade, os universos da luz, do som e do tempo, elos da linguagem coreográfica.
Sugai complementa, “Takao, em seus trabalhos incorporou os elementos de nossa cultura, bem como os elementos da natureza, o homem visto em seu meio ambiente natural e em sua totalidade, visão própria da cultura japonesa, que Takao parece ter mantido como intenção básica, agregou culturas, realidades e gente do Brasil e do Japão. Para tanto incentivou todos aqueles que por ele passaram na busca de uma linguagem própria, na busca de uma identidade cultural, em um caminho onde a vida não se separa da arte”.
A coreógrafa como discípula de Takao Kusuno, desenvolveu uma linguagem própria e singular, em criações solo e em grupo, fruto de suas inquietações artísticas e de vida, geradas das influências recebidas de seu mestre. Das pesquisas relacionadas a memórias do corpo da ancestralidade e de colaborações com artistas da dança, teatro, cinema e da vídeoarte.
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