Ainda em formação, mas já sensibilizando um empresário altruísta (que pediu anonimato) com seu projeto de intenções, somado a outras contribuições, a Associação Nipo Brasileira de Letras e Artes (ANBLA), conseguiu locar um espaço, incluindo layout e design, no 21º Festival do Japão, para apresentar seus associados e obras à sociedade e foi muito bem sucedido.
“Acho que batemos o recorde da venda de livros, em exemplares e em valor”, afirmou Hidemitsu Miyamura, presidente em exercício da ANBLA, empolgado com o primeiro passo dado pela nova entidade. “Tivemos muita visibilidade e ainda fizemos contatos abrindo novos caminhos para o futuro. Minha avaliação é excelente! Basta imaginar o que estaríamos fazendo sem esse canal de exposição.”, prosseguiu empolgado. “Podia ter sido melhor, mas para primeira vez, foi ótimo! E vamos melhorar! Por exemplo, aos próximos eventos, tentaremos incluir nossos artistas de danças de leques e espadas nas programações de palco dos mesmos”, justificou. “Esperamos ter correspondido aos que nos ajudaram financeiramente e, aos quais somos imensamente gratos porque sem eles essa realização seria impossível”, concluiu.
A ANBLA, com novo formato estendendo também a artistas, conta com aproximadamente 20 escritores e 30 artistas. Apesar do nome, não é restrita a descendentes. É aberta também aos não, mas simpatizantes que praticam ou façam referência a temas relacionados com a cultura japonesa ou ao próprio Japão. Aos descendentes, não há a obrigatoriedade da abordagem vinculada à cultura japonesa.
Como exemplos, Carlos Ragazzo, que ministrou as oficinas de sumiê no estande da ANBLA, foi aluno do professor Okinaka, no Bunkyô/SP; e Raul Marino Jr, autor do livro O Cérebro Japonês, que teve apoio da entidade, não são descendentes de japoneses.
Nesse Festival, pela área das Letras, além da venda dos livros de todos os autores, associados ou não, houve também o lançamento de novos como, A Peregrinação das Folhas Caídas (André Kondo), Kontos, Krônicas & Kanções (Silvio Sano), Linha Tênue (Gilson Yoshioka), O Cérebro Japonês (Raul Marino Jr) e Samurai Sapeca (Thoshio Katsurayama).
Pelas Artes, Akira Saito, mestre 7 dan em Shibu e Kenbu, estilo Shoko-ryu, apresentou workshop dessa arte que remonta mais de 1300 anos, interagindo com o púbico e explicando nuances das técnicas, das letras dos poemas, das vestimentas e da manutenção das tradições. E Kazuyo Morishita, mestre em Shodô, também do grupo Shibu e presidente da Shoko-ryu, contribuiu com caligrafia japonesa aos que compravam livros e explicações aos contemplados enquanto as escrevia.
E o grupo “Coletivo Oriente-se”, por meio de uma TV, rodou vídeo nos três dias com retrospectiva de seus curtas postados no Youtube, para mostrar o perfil do grupo criado… “para desmistificar o estereótipo carimbado pela mídia de que atores orientais são apenas para papéis ‘exóticos’, mas também para abrir o debate sobre diversidade étnica, social e de gênero no meio artístico”, reforçou Edson Kameda, membro do grupo e um dos atores da peça O Legítimo Pai da Bomba Atômica, com elenco 100% nipo-brasileiro, ora em cartaz e já chamando a atenção da grande mídia.
Pela satisfação geral dos que participaram desse Espaço Letras e Artes, conforme denominado pela ANBLA, o saldo foi positivo. “Preliminarmente, a apuração da venda dos livros foi muito boa. Os dados ainda estão sendo compilados. Mas creio que acertamos na escolha do tamanho e formato do espaço locado”, explicou Jun Sakakura, secretário em exercício da ANBLA.
O espaço bem localizado e de excelente exposição, manteve-se muito movimentado nos três dias do Festival. Lika Kawano, presidente da ANISA (Associação Cultural Nipo Brasileira de Salvador) e Roberto Fudio Mizushima, ex-presidente, responsáveis pelo Festival da Cultura Japonesa de Salvador, com quem Sakakura já vinha mantendo contato e convidados por ele, apresentaram-se no estande já formalizando convite à ANBLA para participação no festival deste ano, em agosto, nos dias 24, 25 e 26.
“Enfim, o movimento no Espaço Letras e Artes foi muito bom. A participação e colaboração de todos muito gratificante. Chamo isso de espírito coletivo! A ANBLA não é só para festivais. É uma entidade aberta, formada para receber e promover manifestações na literatura e nas artes, para propiciar a escritores e artistas maior visibilidade,”, concluiu Sakakura, deixando claro o papel dessa nova entidade.
Fonte: www.nikkeyweb.com.br
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