Mais de um centenário (precisamente, 114 anos) após os primeiros imigrantes japoneses terem aportados em Santos, até por isso, já na quinta descendência (gossei), sem contar a natural miscigenação, seus descendentes parecem ainda estar vivendo numa bolha… não na mesma da época para não ser injusto. Mas parecida, visto que ainda não aprenderam a se valorizar.
Desde quando comecei a escrever as Krônicas, direta ou indiretamente, tenho feito referências relativas. Como a três reportagens em que apresentei à comunidade três amigos excepcionais, cada um em sua área, após saber, acidentalmente, o que faziam. Dois faziam artes manuais para… sobreviverem. Ou melhor, por prazer porque sem divulgação não há como sobreviver… se é que me entendem. E o terceiro, que por perseverança e dedicação, após ter sido decasségui no Japão, começou uma franquia de lanchonete conhecida, comprou outra e mais outra, até chegar na sétima quando construiu enorme churrascaria de sucesso.
Os dois primeiros faziam parte de meu círculo de amigos, mas só após muitos anos de convivência vim a saber de suas aptidões. Coisa de nikkei. Né, não?! Assim, com essas reportagens dando ênfase a esse detalhe, imaginei ter sugerido algo à mídia da comunidade. Ledo engano.
Os artistas, autônomos e os grandes exemplos empreendedores continuam se divulgando “boca-a-boca”. Ainda bem que outra das virtudes trazida do Japão permanece forte nos descendentes, que é o da solidariedade. Assim, ao menos, os autônomos vão levando suas vidas.
O rodeio foi devido a um evento inédito de música ao vivo (com banda), ocorrido na semana passada, ter passado desapercebido pelas lideranças e mídia da comunidade. Não por falta de divulgação porque após encerrar o penúltimo ensaio da banda com cantores, a duas semanas do evento, fiz reportagem aqui no Portal, dando ênfase ao ineditismo. Por isso, dois dias após, já tinha mais de 200 visualizações e hoje, mais de 300. A do evento, ocorrido há 5 dias, já passou de 420!
E por que essa percepção geral ocorreu, mas não às lideranças da Comunidade?
Deve ser porque estão mais preocupados com próprios umbigos ou… com homenagens a quem chegou aos 99 anos… graças à Mãe-Natureza. Por isso não foram capazes de enxergarem a grandeza do ineditismo desse evento à comunidade, protagonizado por um… nikkei!
Pois é. Tratou-se de um evento digno de Guiness Book, sem exagero, porque nunca na história da música mundial um único compositor apresentou, num único dia, 59 músicas inéditas cantadas por 53 cantores diferentes, compostas em menos de dois anos. E músicas de alto nível com intérpretes idem. Isso, ironicamente, graças à pandemia que o manteve recluso em casa, possibilitando-lhe que as compusesse.
Quem deveria tomar a iniciativa para que o registro ocorresse em se tratando de algo que engrandeceria ainda mais a comunidade?
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